Gemelli

GemelliEste é um daqueles casos em que passámos anos a dizer “temos de ir lá” mas, ainda hoje não sei explicar porquê, nunca tinha calhado.
Foi preciso o Facebook e o Twitter, em que o Gemelli está sempre bastante activo, para finalmente nos mexermos e irmos lá jantar. A desculpa foi um menu promocional para os fãs nestas redes sociais, com 4 pratos, água, 2 vinhos a copo e café por €29.
Como fomos na véspera de um fim-de-semana prolongado, Lisboa estava quase deserta, e também o restaurante. Arranjámos lugar para estacionar à porta e, durante largos minutos, tivemos o restaurante só para nós. O que foi bom para poder fotografar à vontade sem chatear os outros clientes.
O espaço não é muito grande mas é folgado, com bastante espaço entre as mesas. Decoração sóbria, com um quadro que já se tornou imagem do espaço (ainda não tinha ido lá e já o conhecia) a destacar-se ao fundo da sala.
Após nos meterem o couvert na mesa com pão e focaccias deliciosos, apesar de já sabermos o que íamos comer, demos uma olhada ao menu. Há uma página com pratos em separado, mas os menus de degustação acabam por ser a melhor opção (relação preço/qualidade). Há um de 4 pratos por 29€ e um com 7 pratos por 52€. Este de 7 pratos tem a particularidade de ser um menu surpresa, em que estamos completamente nas mãos do chef.
Ao almoço há ainda um menu “Gourmet Express” com entrada, prato, sobremesa, água, vinho e café, por 19€.
Tenho que voltar atrás e falar novamente no couvert... Eu adoro pão. Para um viciado em pão como eu, é um regalo apanhar um couvert com pão tão bom. Se há coisa que me irrita é o raio dos restaurantes quase todos terem aquelas porcarias “pré-fabricadas” a que chamam pão.
Antes dos 4 pratos do menu, tivemos ainda direito a um amouse-bouche que, como tenho a mania que ainda tenho 18 anos e me lembro das coisas, não apontei o que era e esqueci-me...
A entrada foi uma crostatina (tipo uma tarte pequena) de courgette e mozarella com chutney de pimentos. O problema é que a minha úlcera duodenal e os pimentos fazem uma combinação explosiva. Prontamente se ofereceram para me trocar o prato mas como tinha Ulcermin® à mão, o problema ficou resolvido sem ser preciso trocar. A crostatina estava estaladiça e o seu sabor suave era bem compensada pela pujança do chutney, fazendo uma combinação interessante.
De seguida veio um fettuccine de azeitona com pesto de mangericão e atum desidratado. Eu normalmente nem sou muito de massas com animais do mar, mas gostei bastante deste prato e combinou na perfeição com o Brunheda reserva branco que escolheram para o acompanhar.
Seguiram-se uns cubos de peru salteados em agridoce com arroz aromático de legumes e molho de caju. Foi o prato que menos gostei. Não posso dizer que não gostei, pois estava bem confeccionado e a combinação não é uma coisa banal que se coma em qualquer lado. Apenas não impressionou.
Para finalizar um “bolo de maçã da avó” com ragôut de fruta tropical e molho de caramelo, fofo, com frutinha boa para desenjoar.
Relativamente a vinhos, estamos a falar de um dos restaurantes de Lisboa que melhor trata o vinho. Além de uma extensa e muito bem elaborada carta de vinhos, as temperaturas e os copos são irrepreensíveis, há bastantes vinhos a copo (com sistema de conservação como deve ser) e é daqueles sítios em que não há que ter medo de aceitar as sugestões de casamento entre vinho e comida. Mesmo eu que tenho a mania que pesco umas coisas de vinho, sou um menino ao pé deles neste capítulo.
Assim a olho, os vinhos pareceram-me andar pelo dobro do preço das garrafeiras o que, tendo em conta o que disse acima, é perfeitamente justificado. Afinal de contas, basta entrar num tasco qualquer e ver que o vinho custa 3 ou 4 vezes o preço de supermercado e chega à mesa morninho e em copos miseráveis.
Resta falar no serviço, que se mostrou competente e muito profissional, mas sem fazer sentir constrangimentos. Isto é, um gajo sente-se à vontade.
Entretanto já voltei ao Gemelli num contexto diferente. Um jantar dos Grandes vinhos para 2010/2011, organizado pela Flying Wines, que acabou por ter quase o dobro das pessoas para o qual o menu tinha sido inicialmente pensado. Deu para ver como se saía a cozinha a fazer pratos para tantas pessoas bem como o serviço de mesa. Neste ponto por vezes li algumas críticas negativas feitas por outras pessoas, mas da primeira vez com o restaurante quase vazio não dava para verificar. No entanto, a nível de serviço esteve bem e nada a dizer da comida.
A nível dos pratos tive exactamente a mesma sensação da vez anterior. Alguns agradaram mais (com o tártaro de barrosã e o lombinho de porco preto corado ao alecrim a roçarem o divinal), outros nem tanto mas sempre bem confeccionados.
Globalmente foi novamente uma excelente refeição.
Uma coisa que é certa é que não vamos encontrar pratos que se comem em casa. Como (modéstia à parte) cá em casa se cozinha bem, para comer o mesmo que em casa não vale a pena ir comer fora.

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